Como você vem olhando para os seus filhos?
A maternidade é vista como uma grande dádiva na vida das mulheres. Mas a realidade nem sempre é assim. Traços enraizados na ancestralidade dizem muito sobre você e a representatividade do que é e como é ser mãe. Todo novo ser que trazemos a esse mundo é uma nova oportunidade de renovação. Mas como você tem olhado para ele? A forma como você materna diz muito mais sobre você do que sobre o seu filho.
A construção do ser humano é muito mais complexa do que imaginamos. E para as mulheres, desde muito jovens, as cobranças vão além do habitual. É a habilidade de comandar tarefas domésticas, a necessidade em saber cuidar e amar o outro, a obrigatoriedade de ser a gestora do lar. Antes dos anos 2000, as mulheres eram praticamente obrigadas a serem as educadoras do lar, não só por falta de oportunidades e igualdade entre os gêneros, mas pela cultura de que “lugar de mulher é com a barriga no fogão, o filho embaixo do braço e casa sob sua cabeça”.
O mesmo se aplica para o ser “mãe”. Mãe é um dom, uma vocação, é algo que transcende o corpo físico, é muito maior do que cabe ao “coração”. É doação sem medidas, abrir mão de si pelo outro, sacrificar seus sonhos e sua própria felicidade para construir a dos seus.
Porém, isso tem um preço muito alto, uma sobrecarga sem medidas, solidão e abandono de si, da sua vida, seus planos. E isso, junto a carga de sua criação e das raízes de suas gerações presentes em seu interior, muitas mulheres transcendem esses sentimentos para os filhos.
Filhos nada mais são que a sua descendência, a oportunidade que a vida te deu para romper laços infundados, quebrar ciclos, podar raízes que precisam ser arrancadas. Precisamos enxergar cada filho como uma possibilidade de poder oferecer a ele uma vida diferente, uma criação sem traumas, uma forma de vida com mais amor, acolhimento, respeito e perdão. Eles são a geração que irá libertar você e a sua linhagem de mágoas, ressentimentos, dores, angústias, tudo aquilo que te impede de crescer e avançar.
Isso é uma tarefa difícil, mas não impossível. Como você tem olhado o seu filho? Você tem o compreendido? Quando você para ouvir seus anseios? Já parou para pensar se é assim que você gostaria de estar se relacionando com ele?
Não há uma resposta certa, mas existe a possibilidade de ser e agir diferente. Quando se quer realmente soltar as amarras do passado, o olhar que te conduz pra frente deve ser o que vai de encontro ao seu filho, a sua linhagem.
Todos queremos ser reconhecido por algo que fizemos ou ter o mérito de deixar a diferença no mundo. Filhos são a tradução disso, quando criamos filhos nos princípios, conduzindo pelo caminho da retidão, bem educados e condizentes com os valores morais, podemos ter a certeza que plantamos bem a nossa semente no mundo. Não há nada mais prazero do que ouvir um filho dizer: “que orgulho eu tenho de ti mãe, quando eu crescer quero ser igual a ti”.
E para que isso seja tão bom quanto vê-los crescer e se tornaram grandes seres humanos, precisamos ver os nossos filhos como eles são, sem depositar nossos sonhos neles, não deixar que nossas frustrações sejam correspondidas em cada um, é evitar e trabalhar nosso interior para que eles não sejam alvos daquilo que muito queríamos ter vivido e fomos podados.
Cada filho foi feito para ser o que ele quiser, dentro do caminho certo e moral. Precisamos, conversar, corrigir, apoiar, ensinar o caminho, mas sem interferir nos seus sonhos. Alertar e aconselhar não quer dizer podar ou boicotar, mas sim é uma forma de se aproximar dele e ele ver em si um apoio, um carinho e um cuidado através do seu ato de amor e preocupação.
Se você tem uma boa relação com os seus filhos, fique feliz, você conseguiu ir além daquilo que um dia foram com você. A melhor escolha é sempre querer oferecer muito mais do que não tivemos. Se faltou abraços, abrace mais, se faltou palavras de afirmação e conselhos, seja a boca que profetiza e conduz seu filho. Se faltou presença, seja mais presente, viva cada faz e compartilhe momentos, crie memórias que serão revisitadas sempre e sempre. Tenha rituais de família com seus filhos, hábitos só seus, laços que só vocês entendem. Isso traz a eles uma segurança e uma certeza de que por onde forem, sempre terão para onde voltar.
Se você é uma mãe que não recebeu nada disso ou sente falta de coisas que não teve, procure curar suas feridas, encontre caminhos que te levam para a paz, seja perdão. Não se compare aos seus filhos, não tente estabelecer conexões entre seu eu do passado e o que o seu eu hoje pode oferecer. Busque ser sempre a sua melhor versão.
A constelação familiar poderá te ajudar nesse processo de libertação, assim como poderá te ajudar a como se redescobrir como ser de amor, como se abrir para uma nova fase, onde você dará o melhor de si. É nesse processo que você se torna uma mãe melhor, um ser humano leve e feliz. Eu posso te ajudar a vencer as amarras do processo e te conduzir diretamente pro seu propósito maior.
Nesse dia das crianças, olhe nos olhos dos seus filhos, diga a ele todas as suas qualidades, abrace ele, permita abraçar sua criança interior a cada vez que você conduz seu filho nessa jornada do educar. Diga sempre o quanto o ama, o quanto ele é desejado, especial. Encoraje-o a ser uma pessoa confiante, independe, forte, resiliente, responsável. Não se esqueça que essa é a sua semente no mundo, a nova linhagem que todos esperavam para libertar as raízes que te aprisionam.
Tudo começa por você, seja o que você não teve, seja você acima de tudo. Quando nossos filhos nos veem como um ser que se ama, se perdoa e se reconhece, os exemplos falam por si. Você é a melhor mãe do mundo que ele poderia ter, viva isso!
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